O Clube Palmares, fundado em 31 de Janeiro de 1965, é uma associação civil filantrópica sem fins lucrativos com duração por tempo indeterminado com sócios, sede e foro próprio na cidade de Volta Redonda no Estado do Rio de Janeiro, com autonomia administrativa e financeira destinada à comunidade afrodescendentes, carentes e as pessoas que a ela aderirem.
Tem como objetivo principal desde o início de sua fundação a integração e interação da população negra na sociedade brasileira através da participação social e cultural, buscando atingi-la promovendo atividades culturais num espaço próprio, através de palestras, cerimônias comemorativas, encontros festivos e debates políticos. A criação do clube deveu-se às restrições impostas pela sociedade da época, não admitindo negros nos quadros de associados dos clubes mais tradicionais da cidade.
Atualmente o Palmares tem o reconhecimento da sociedade volta redondense pelo sério trabalho e esforço da diretoria ao longo dos anos na preservação de seus ideais, com atividades e encontros voltados para àqueles que verdadeiramente se interessam pela educação, integração e conscientiza- ção humana, de sua riqueza histórica cultural, com especial atenção à cultura afro-brasileira.
Considerado de Utilidade Pública Estadual pela lei 5.599 de 16/10/1965 e Utilidade Pública Municipal pela deliberação n° 796 boletim 52/66, C.N.P.J. (MF) 29.798.923/0001-12.
Volta Redonda, desde a sua fundação até os anos 60, apresentava uma restrita vida noturna para a população da cidade. As atividades sociais aconteciam com mais freqüência nos fins de semana nos clubes sociais, muito comuns à época, sendo estes não aceitando negros em seu quadro de associados. Assim, restava como opção as festas em casas de família ou em salões improvisados que logo receberam o nome de gafieira, visto que o pagamento era feito na portaria.
A Praça Brasil era o ponto de encontro de boa porte dos rapazes e moças daquela época. Ali, João Laureano e Nazário Dias, dentre outros colegas negros e brancos da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), e tantos outros do colégio em que estudavam, reuniam-se para conversar e socializarem. Ao aproximar das 22 horas, o grupo de amigos se dispersava, seguindo para os principais clubes da cidade, tais como o clube Umuarama, o Aero Clube, o Clube Comercial e Clube Náutico. Enquanto alguns destes clubes desde o início já impediam o acesso aos cidadãos negros (as), outros, à medida que destacavam social e economicamente, iam excluindo aos poucos dificultando o acesso às suas dependências estes mesmos cidadãos, restando assim apenas modestos ambientes sociais, como as extintas gafieiras, as quais eram socialmente mal vistas pela população à época. Foi então que surgiu a ideia: Ô Nazário, por que a gente não funda um Clube? Não só para eles, mas pensando no futuro de seus filhos e as próximas gerações. Era o início.
Antes da criação do Clube Palmares, seus futuros integrantes se reuniam para conversar em espaços diversificados como, por exemplo, nas residências de famílias negras tradicionais da cidade.
Com o passar do tempo, as reuniões, cada vez mais frequentes, passaram a ser realizadas nas dependências da CSN, no almoxarifado em madeira, e onde atualmente encontra-se localizada a rodoviária da cidade. Por fim, garantiram seu primeiro espaço através do aluguel da sede administrativa do Guarani Esporte Clube, situado no edifício Justino Molica, na Praça Brasil.
A finalidade destes encontros era debater a questão racial na cidade de Volta Redonda. Devido a diversos episódios de discriminação racial por parte dos clubes sociais da cidade, o Clube Palmares foi criado em 31 de janeiro de 1965, na referida sede do Guarani Esporte Clube, às dez horas da manhã e com término ao meio-dia e meia. Dentre os presentes estavam os três idealizadores e fundadores: João Estanislau Laureano, Nazário Ernesto Santos Dias e Maria da Glória Oliveira.
Em seguida, na referida reunião, foi feita uma votação em que concorreram cinco possíveis nomes e suas respectivas cores, propostos pelos seus sócios: Clube Palmares – cores verde e branca; Clube Operário – cores preta e branca; Clube dos Fenianos – cor não mencionada. E, o nome “Clube Palmares” com suas cores verde e branca levou a maioria dos votos, foram quatorze no total. Foi escolhido por causa da relação existente entre o Quilombo dos Palmares e a proposta que tinham para o clube.
Dentre suas finalidades estariam: promover reuniões de caráter social, atléticas, educacionais e cívicas; difundir entre seus associados a prática dos desportos – em geral; e desenvolver o intercâmbio social, cultural e desportivo com sociedades com gêneros nacionais e estrangeiros.
Após a regulamentação do funcionamento do Clube, era preciso arranjar um espaço para a sua sede e, desde então, foram várias lutas para se firmar como entidade oficial. Ao se instalar em uma sala alugada na Avenida 17 de julho, no Aterrado, permaneceu até 1975, quando a sede foi transferida para Rua Roma s/n° no Jardim Europa, em 1978.
Ao longo da década de 1960, o Clube Palmares era um ambiente composto por operários majoritariamente negros da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN e suas famílias, apresentando uma noção integracionista, concursos de miss e bailes tradicionais, como: o concurso de “Mini Rainha Palmares” (voltado para o público infantil) e os “Bailes Mensais”.
O Clube ainda contava com um coral, o “Coral Palmares”, que era composto majoritariamente por mulheres e regido por Jorge Thimóteo.
Como não tinham sede, após um grande esforço conseguiram alugar os salões do Aero Clube de Volta Redonda, no dia 31 de julho de 1965. Realizaram então o primeiro baile palmarino numa promoção intitulada Noite de Samba.
Promoveram inúmeras palestras com este propósito, convidando homens públicos de expressiva importância à época, como o sociólogo Edson Carneiro, o campeão Olímpico de Atletismo Ademar Ferreira da Silva, o embaixador do Senegal Henri Arplainy Senghor (sobrinho do famoso pan-africanista senegalês Léopold Sédar Senghor), representantes de movimentos negros da cidade e outras personalidades de expressiva relevância nacional à época nas décadas seguintes.
Nos idos dos anos 1970, a nova geração palmarina – integrantes do Movimento Black de Volta Redonda – passaram a considerá-lo como um Movimento Negro na luta por direitos e na denúncia do mito da democracia racial e tornaram-se sujeitos combativos aos ideais do regime militar. A entrada desse grupo leva o Clube à movimentação política externa e interna, o que lhe rendeu um fichamento da polícia política no APERJ - Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro.
Nas décadas de 1980 e 1990, houve algumas movimentações importantes como a proposta de criação do Bloco Afro Palmares (1986), o I Encontro da Beleza e da Cultura Negra (1991) e o concurso “A Beleza Afro-Brasileira de Volta Redonda” (1993), junto ao Memorial Zumbi dos Palmares.
A década de 80 também é marcada pela movimentação política. O Clube, na figura de sua diretoria, passa a ser convidado para participar de diversos eventos, aproxima-se do governo municipal do prefeito Clinger conseguindo apoio para diversas atividades.
É nesse período também que surge a banda Afro Mirim, com apresentação na cidade e na região, o grupo N’zinga, destinado a dança e fundado pela professora Nilzete, realiza seus ensaios no Clube.
Diversas oficinas são criadas e oferecidas, além de eventos como o Natal das Crianças. Percebe-se a valorização da cultura negra durante todo esse período. Grupos de samba e de pagode tinham o clube como um espaço de apresentação que auxiliou no fortalecimento da carreira de muitos deles. Foi nesse período que o Memorial Zumbi é idealizado e, na sua inauguração, contou com uma exposição da presidente do clube, Eunice Nazário.
Desde a sua fundação, até o momento presente, o Clube Palmares de Volta Redonda tem o reconhecimento da sociedade de Volta Redonda pelo sério trabalho e esforço, oferecendo atividades e encontros voltados para aqueles que verdadeiramente se interessam pela educação, integração e capacitação do ser humano com especial atenção à comunidade negra e carente. O espaço do Clube Palmares, eventualmente, também é cedido para realização de festividades e cerimônias de outras entidades locais, tais como aniversários, casamentos, liturgias religiosas como da Igreja Santa Rita de Cássia e Presbiteriana, Centro Espírita Riqueza do Saber realização dentre outros com os mesmos propósitos.
Nos últimos anos, dando continuidade aos seus ideais, o Clube Palmares realizou cursos de capacitação profissional em parceria com o FAT na área de eletricidade predial e residencial (2002), Realizamos também curso pré-vestibular para negros e carentes (2003), o Curso de História da África e do Afro-brasileiro (2004) e Curso Preparatório para o ingresso na Polícia Militar (2005). Também o Projeto de Capacitação do Primeiro Emprego (2005 e 2006) no ramo da culinária, atendendo a cada edição 20 jovens, ambos do Governo Federal. em parceria com a Ação Comunitária do Brasil o Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego (PNPE) as Oficinas de Culinária com ênfase na comida africana, lanches rápidos, informática.
No ano 2008, o Palmares passou a ser a entidade âncora em Volta Redonda do Projeto Segundo Tempo do Ministério dos Esportes Governo Federal, iniciado em Maio, além de outras atividades sociais paralelas. Participou também no Conselho de Igualdade Racial do Município de Volta Redonda, aprovado pela Câmara para implementação da Lei 10.639 da capacitação de professores, junto à rede pública, para o ensino de História da África e de Afro-brasileiros.
Em 2011 o Palmares começou desenvolver o Projeto Dará Palmares em parceria com o Governo do Estado do RJ, implementado no período de 2011 a 2014. Este projeto buscou dar visibilidade através do resgate da memória e história da Cultura Afro-Brasileira e Africana, através de aulas teóricas e práticas, através da Dança, de aulas de Percussão, Capoeira, História da África e Informática, por meio do resgate e registro de valores compartilhados, promovendo a autoestima da população negra.
Como resultado deste belo trabalho executado, de seu propósito e sua prestação de contas, em 2016 o Clube Palmares ganhou o Prêmio de Cultura Afro Fluminense do Governo do Estado do Rio de Janeiro.
Na área Social, promovemos todos os finais de semana tradicional pagode e ocasionalmente realizamos encontros de Capoeira, de Maculelê, Jongo, dança Afro e outras manifestações culturais e de lazer.,
Estes eventos realizados nas dependências do Palmares têm como principal finalidade a preservação e valorização da cultura afro-brasileira, o estreitamento dos laços comunitários na região bem como de angariar recursos para eventuais reformas e, principalmente, para melhorias da cede para futuras atividades, projetos e eventos comemorativos para seus associados e simpatizantes palmarinos.
Cordiais saudações palmarinas,
Diretoria.
Clube Palmares de Volta Redonda.
Curso de Culinária
Aulas de Capoeira
Aulas de Dança Afro
Aulas de Dança de Salão
Cursos de Capacitação técnica predial (2002)
Curso Pré-vestibular para negros e carentes (2003)
Curso de História da África (2004)
Curso de preparação para Concurso da Polícia Militar (2005)
Projeto de Capacitação do Primeiro Emprego do Governo Federal (2005 e 2006)
Projeto Segundo Tempo do Ministério dos Esportes do Governo Federal (2008)
Projeto Dará Palmares do Governo do Estado do RJ (2011 a 2014)
Em 2016, pelo belíssimo trabalho execução do propósito e prestação de contas do projeto acima, ganhou o Prêmio de Cultura Afro Fluminense do Governo do Estado do RJ.
Deixar o Palmares auto-sustentável financeiramente.
Continuidade dos projetos Ponto de Cultura para implementação de nossos objetivos e interesses.
Elevar o quadro de associados e de frequentadores do clube
Continuar sendo uma referência cultural para a região.
Acústica: tivemos sérios problemas relacionados à acústica da sede em eventos musicais que demandam-nos enormes esforços e custos para solucioná-los. Mesmo com a reforma, este desafio ainda continua limitando-nos em nossos propósitos junto à vizinhança local.
Promover, desenvolver e incentivar o estudo e pesquisa sobre do negro e sua cultura afro-brasileira no estado do Rio de Janeiro, no Brasil e no exterior;
Promover a integração social da população local, valorização de suas origens e culturas, estudo dos seus problemas nacionais e internacionais;
Promover reuniões de caráter social, atléticas, educacionais, cívicas e de direitos humanos;
Promover e difundir a prática de desportos em geral;
Propor ações que visem a integração da comunidade negra no contexto sócio-econômico, cultural, ambiental, político e na preservação de doenças étnicas;
Promover e desenvolver o intercâmbio social, cultural e desportivo com sociedades congêneres;
Contribuir com a sociedade como referência de apoio a consultas públicas.